domingo, 5 de novembro de 2017

Vale histórico que deixa saudades

No feriado de 2 de novembro de 2017 tive o prazer de passear com meus tesouros, pai e mãe. A viagem aconteceu mais especificamente em 3 de novembro, a convite do amigo nosso Diego Amaro.

E lá fomos nós. A ida até São José do Barreiro foi carregada de gratidão, reencontro, conhecimento, risadas, essência. Chegamos lá cedo e não resistimos a um café.

                                                                           

E em boa companhia. O amigo Diego nos recebeu com um abraço fofo, daqueles que valem mais que um tapete vermelho. Logo após o café, partimos para uma visita monitorada à Fazenda Pau d'Alho.

O passeio reuniu vários grupos que também aceitaram o convite de conhecer Barreiro aos novos e antigos olhares, de Lucas 1, Lucas 2 e Mateus e do incansável defensor dessa cidade, Rogério, que, juntos, incentivam ações turísticas e históricas de valorização dessa região tão rica. 

Diga-se de passagem que amo essa terra, pois foi nela que meu tesouro (mainha)  nasceu em 1944. 

O receio do passeio ser cansativo se deve ao fato de o meu pai passar por um tratamento e a saúde estar mais fragilizada. Mas, a exemplo de minha mãe, ele se mostrou um leão de força e faminto por conhecimento. Era nítida a felicidade na expressão dos dois. E a minha maior ainda por vê-los passeando e vendo o lado bom desse mundão, que está meio perdido.

Enfim, tantas histórias do tempo do café se misturaram aos reencontros, poses para foto e à alegria. Cansaço? Que nada!! Tudo perfeito. Selamos a viagem em Barreiro com um almoço no Rancho de São José do Barreiro, do amigo Rogério.




                                                                       

E com tanta boa energia não demorou muito para conhecermos novos amigos. E um deles de quatro patas que necessitava de cuidado na orelha. O pai logo chamou o Super homem que tem dentro de si e acionou cuidados. E contou com a ajuda de dois anjos,  um deles Hamilton, que ajudou a salvar o bichinho. Em terra de gente boa, impossível a bondade não vencer.


Viemos embora em direção à Areias e a saudade que Barreiro deixou em nós se concretizou em Areias ao despedirmos de uma prima amada, que faleceu. Agora Ana está em paz. 

A passagem por Areias também foi regada à abraços de amigos de mainha que, enquanto reencontrava uma amiga de anos, Maria Léa e seu esposo Aguilar, pai ouvia histórias de um amigo  na praça da cidade.

 Em seguida visitamos a prima Neguinha e lá ouvimos histórias simples, de quem só quer viver bem e feliz. 
As duas cidades deixam saudades antes mesmo de as deixarmos. Não sei se é pelo jeito peculiar de ser, não sei se é pelos anjos que lá encontramos, não sei se é pela essência da vida: o amor. Só sei que
sempre queremos voltar.  
É como se esses cantinhos do Vale fossem o ingrediente do bolo que dá brilho à festa. Parabéns Vale histórico por manter viva a história do café, a simplicidade e o amor. É um orgulho pela trajetória que vemos estampado no rosto de quem têm a honra de acordar, dormir e viver aí. 





segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Quantas famílias você tem?

Dias atrás, conversando com um advogado, ele me disse assim: "As leis brasileiras reconhecem apenas 3 ou 4 tipos de família".

Fiz essa introdução jurídica apenas para poder embasar-me numa questão afetiva.

A família que descrevo não está nas leis. É aquela que a vida nos apresenta.  Neste caso, falo de uma família chique, na qual só tem gente com sorriso no rosto. E quando o sorriso está fechado, é por conta de ver a tristeza do outro. Essa família anda em tribos, uniformizada. Não há ligação genética, mas é como se houvesse.
                       
      
                                 
A família LT (Laurensse e Tiago) bikes se reúne para festar. E qual o melhor palco para essa festa? Em cima de uma bike, ou, em muitos casos, em cima de um pódio. 

Uma honra estar junto desse povo do bem. Com eles conheço um mundo novo, um mundo de paisagens irreconhecíveis, até então. Um passaporte, ou como disse uma Biker, a Fernanda, "uma higiene mental".  É exatamente essa sensação que sinto! Sentimos.




A ligação sanguínea com esses amigos da bike vai muito além do DNA, é afeto, é torcida e até competitividade.  E se não é no fim de semana, nas provas, durante semana, encontro com outra família, a Tribo da Trilha.


É risada na certa, é preocupação com o colega do lado, é espera pelo outro quando este está para trás.

Com as Pedalletes nem se fala. Carinho e amizade em dose multiplicada.

É sobre essas famílias de afeto, unidas pela bike, que não há lei, não há sentimento que descreva tamanha gratidão. Volto na melhor expressão que encontrei. Higiene mental.
       

E tomara que as fotos tiradas pelo meu amigo Diego Amaro consigam descrever a transparência, a entrega e a alegria...

 Até o próximo pedal, até o próximo texto.

terça-feira, 20 de junho de 2017

Quando deixamos de aprender?

Olá gente, tudo bem? Voltei a escrever no blog, talvez por uma missão impossível. Responder ao questionamento: Quando deixamos de aprender?

Nessas andanças pelos caminhos da sustentabilidade (meio ambiente), escuto muito dizer que "devemos apostar nas crianças, pois elas são o futuro de nosso planeta". Sei que essa frase é batida, e também não acredito tanto nela. Sabem por qual motivo? Acredito que todos os dias aprendemos coisas boas e ruins, exemplos a serem seguidos e outros a serem descartados. 

Não há um dia sequer que não nos deparemos com coisas novas, até mesmo aquele ser mais simples, que vive isolado no meio do mato, aquele que acha o trabalho "um saco", por não gostar do que faz, ou ainda aquele que  se acha o dono da sabedoria. (aqui são só figuras que criei para compor o texto) 

Foto: autoria: Zé Caetano- apoio Ana Paula e Marcelo

Todos aprendemos diariamente, seja com outro ser humano, seja com uma planta, com um bicho, com produtos. Então, não acredito que apenas crianças devam receber todas as nossas fichas de crença no aprendizado contínuo.

Aprendo com amigos, que por um probleminha ou outro de saúde, se caracterizam como pessoas limitadas, quando não são.
Aprendo com meu pai, que tem se mostrado um guerreiro na luta pela vida.
Aprendo com minha família toda, que emite sorrisos até mesmo por mensagens no whatsApp. (acreditem, eu enxergo o rosto, as expressões faciais ao ouvir os áudios). 
Aprendo no trabalho, o qual tenho lidar com desafios nunca antes vividos e que só fazem crescer. Pois há mágica no novo!

Tudo nos faz progredir enquanto seres em evolução.
E desejo, de coração, que essa evolução seja realmente evolução em todos. Pois, em muitos casos, a evolução pode representar um retrocesso.

Eu quero aprender sempre, sempre e sempre. E vou continuar a errar sempre, sempre, sempre. E que eu seja lição para outros de coisas boas e ruins. Pelo menos terá valido a pena. Ah, a planta que falei está abaixo. Ela se agarra a outra e busca a luz.

 Foto: autoria: Zé Caetano- apoio Ana Paula e Marcelo

Neste trem bala da vida, meu passaporte se chama aprendizado.

E se você quer um exemplo de mudança para melhor sempre, aposte na natureza. Ela é uma protagonista da modificação dinâmica. Se morre aqui, se reconstrói de outras formas logo ali. 
Mas se levou uma "porrada" reflexo da atividade humana, ela dá adeus e deixa para trás aqueles que não a valorizaram. Acredite, até mesmo a mais sábia das personalidades resilientes não resiste a tantos tropeços. Mas continua sendo um exemplo de aprendizado e vitrine para nos espelharmos.

Gente, aqui acabo a minha rápida reflexão. Quero sua opinião sobre, também está se sentindo modificado? Tem aprendido algo novo? Compartilhe! Beijão, gente! Até mais!!!

sexta-feira, 12 de maio de 2017

A gente se acostuma

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.(1972).

Marina Colasanti nasceu em Asmara, Etiópia, morou 11 anos na Itália e desde então vive no Brasil. Publicou vários livros de contos, crônicas, poemas e histórias infantis. Recebeu o Prêmio Jabuti com Eu sei mas não devia e também por Rota de Colisão. Dentre outros escreveu E por falar em Amor; Contos de Amor Rasgados; Aqui entre nós, Intimidade Pública, Eu Sozinha, Zooilógico, A Morada do Ser, A nova Mulher, Mulher daqui pra Frente e O leopardo é um animal delicado. Escreve, também, para revistas femininas e constantemente é convidada para cursos e palestras em todo o Brasil. É casada com o escritor e poeta Affonso Romano de Sant'Anna.


O texto acima foi extraído do livro "Eu sei, mas não devia", Editora Rocco - Rio de Janeiro, 1996, pág. 09.

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domingo, 16 de abril de 2017

Páscoa com surpresas Kinder ovos na mata

Páscoa calórica, que nada! Grupo no WhatsApp para definir viagem light. Amigos de longa data, gente empolgada. O cenário escolhido para esta páscoa foi, mais uma vez, o Parque Nacional do Itatiaia.        



 A sexta-feira da paixão ganhou ares de renascimento para uma botinha de trilha. Logo nos primeiros passos, a bichinha abriu o bico. E fomos obrigados a dar um “cala boca” nela com um esparadrapo dos bons.      


Essa pode ser considerada a segunda surpresa Kinder ovo, digo isso, pois soubemos logo de cara que estávamos viajando com um príncipe. Realeza! Um capixaba chamado Inácio Bianchi, mas que no passado era conhecido como Príncipe de Linhares. Abandonou a cidade natal e hoje reside no Vale. 
A primeira piada da viagem foi o bastante para ditar que seriam dias de muita risada.




A travessia Parque Nacional do Itatiaia até Maromba (RJ) leva até dois dias, recomendável que seja para manter a integridade dos montanhistas. Por isso, mantivemos o trajeto de até 5 horas em cada dia. Assim os 12 amigos, com suas 12 mochilas gigantes, seguiram pelas pedras, matos, trilhas. Cada chão tem sua história, e cada pisada por ele é, sem dúvidas, a  certeza de se sentir inserido totalmente na natureza. O tempo ajudou e muito, nem fez sol forte, nem choveu como previa a meteorologia, e esta pode ser considerada a terceira surpresa kinder ovo na mata.








Doze pessoas que, além da amizade, têm gostos parecidos, estilos de vida semelhantes, e que quando se unem, reúnem piadas, boa conversa e lição contínua de vida. Muitos registros fotográficos para perpetuar aquilo que já está tatuado no coração e em nossas mentes. O que vemos ao longo dos passos nos faz entender o quão pequeno somos. Desde um sapo minúsculo flamenguinho (símbolo do Itatiaia)até os gigantes ovos da galinha. Tudo nos faz sentir gratos e atrelados ao que  realmente interessa na vida. Viver vivamente a vida!












Depois de longas 5 horas com a mochila pesada, bota acabada, muitas risadas e imagens únicas, paramos para acampar no Rancho Caído. Diga-se de passagem, de caído não tinha nada. Vista incrível, água pertinho das barracas e  o friozinho  gostoso da montanha. Resultado: 6 garrafas de vinho, comida, piada e um sono leve de gratidão.               
      







Dia seguinte, café quente com bolo de fubá, canela e um ingrediente único, que não era o sal do himalaia colocado pela Denise no bolo. A gripe pegou Inácio de jeito e somente lágrimas não eram o bastante para ele colocar pra fora tudo o que estava congestionado em seu organismo. Bolo de fubá, canela, sal do himalaia e ran……(rsrsrs). 
Depois de um café reforçado, retomamos a caminhada. A sinalização e os tótens pelo caminho tranquilizam aqueles que desejam fazer uma travessia do tipo. A dor no corpo deixamos apenas na lembrança para poder seguir. A altitude que ganhamos em 16km trilhados no primeiro dia, perdemos nos 10km conquistados no segundo dia. Muita descida!    
         






Ao longo da caminhada, a percepção da separação dos campos de altitude e da mata Atlântica. Incrível como a natureza se molda onde ela consegue. Impossível acreditar em crise hídrica com tanta umidade sendo trazida pelas nuvens que despejam suas lágrimas na vegetação. Pisamos em caminhos encharcados na maioria das vezes, barro que resultou em tombos, torcida de calcanhar, obstáculos inúmeros. Tudo enfrentado com muito bom humor, como aquele encontrado em bastidores de uma grande competição olímpica. Afinal, a maior competição é conosco mesmo, mas nada que um clima de equipe não nos impulsione a ganhar mais rapidamente o caminho.





A quarta surpresa Kinder ovo de Páscoa foi um sapo de chifre. Espécie que se mistura em meio às folhas. A travessia pelo rio resultou em malabarismos. Tombos, pés atolados na lama,  gritos e risadas novamente. Sábado de Páscoa, sábado de renascimento para os 12 montanhistas que se sentiram renovados após um banho, depois de devidamente instalados no camping do bosque.  

Termino esse texto com poesia.                              

Na páscoa do kinder ovo torço para que o povo perceba a beleza da natureza. 
Natureza que em nada tem a ver com mato, mas sim com um jeito grato, jeito de agradecer, só que para experimentar é preciso merecer. 
Merecer a natureza que é nos dada de graça, que em troca não temos de fazer nada, apenas mergulhar de corpo e alma, e sentir a graça dessa calma, resultado de um profundo respeito por tantos recursos a que temos direito.
 Parque Nacional do Itatiaia/Maromba, a maior surpresa desse Kinder ovo foi um bomba. 
E essa não destrói, somente constrói. Refaz nossos conceitos, nos ensina o direito. 
Emocionar e se permitir, até em músicas feitas para sorrir. 
Gratidão a 11 montanhistas que me ensinaram uma nova vista. 
Vista leve da vida ao lado de um companheiro e amado. 
 Luís, agradeço  pelo prazer de estar ao seu lado.  Obrigada!  

Ah, só mais um lembrete a todos!!!!   
 "Ministério da Saúde adverte: travessia não  recomendada para quem não quer carregar o peso de uma mochila nas costas e ficar leve de alma"...Viva!!!!
















Qual é o seu Calcanhar de Aquiles

Desta vez, conto com a ajuda do meu estimado amigo Diego na escrita do texto do blog. Começamos essas breves linhas dizendo que ...